Anos 50
Começo da carreira profissional
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Foto: Personagem Zé do Caixão |
Depois da fundação de sua escola, a carreira profissional de Mojica
Marins passou a ficar cada mais mais próxima. Mojica Marins tentou
realizar o filme Sentença de Deus por três vezes e o filme acabou como
inacabado. Semiprofissional, o filme Sentença de Deus é experimental no
sentido mais genuíno e revela os primeiros passos de José Mojica Marins
na arte do cinema.
Em 1958, veio a ser concluído A Sina do Aventureiro, em lente 75 mm,
com apenas duas pessoas que não eram da escola de atores de Mojica
Marins, mas que depois vieram a ter aulas, Ruth Ferreira e a Shirley
Alvez. A Sina do Aventureiro é um faroeste caboclo (ou “western
feijoada”, na definição do pesquisador Rodrigo Pereira), vertente
prolífica, mas desprezada pela historiografia clássica do cinema
brasileiro. Insere-se, portanto, na tradição mais ampla dos filmes
rurais de aventura, território que compreende nomes tão heterogêneos
quanto significativos como E. C. Kerrigan, Amilar Alves, Luiz de Barros,
Humberto Mauro, Eurides Ramos, Antoninho Hossri, Victor Lima Barreto,
Carlos Coimbra, Wilson Silva, Osvaldo de Oliveira, Reynaldo Paes de
Barros, Edward Freund, Ozualdo Candeias, Tony Vieira e Rubens Prado.
Para lançar o filme A sina do aventureiro, Mojica Marins contou com a
ajuda dos irmãos Valancy, que eram proprietários do Cine Coral, em São
Paulo, aonde o filme permaneceu em cartaz por muito tempo. O realizador
do filme, Mojica Marins explicou, posteriormente, como foi o sucesso do
filme.
"Para fazer sucesso, eu usei um estratagema, porque já era difícil
você entrar uma semana, e ficar três semanas em cartaz num cinema era
mais difícil ainda. O que eu fiz? Eu pegava os meus alunos, numa época
em que os cinemas tinham fila, e dividia um grupo de alunos numa fila,
outro grupo em outra e mais outra. Todos eram atores, né? Então ficavam
todos no meio da fila e diziam: “Pô, a gente perdendo tempo nessa fila,
passando uma fita tão boa no Cine Coral!”. Com isso, eles saíam de lá e
levavam o pessoal da fila. E ia todo mundo para o Cine Coral. A fita foi
muito bem nas capitais. Estourou em Salvador, em Porto Alegre. Porque
ela tem uma miscelânea de Nordeste, de roupa nordestina com roupa
gaúcha, com roupa americana. Eu misturo tudo, tem uma miscelânea. No
final, tem uma curiosidade: a fita realmente agradou, só não agradou aos
padres. Aí eu tive uma desavença com os padres que me acompanharia a
vida toda".
— José Mojica Marins
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Portal Brasileiro de Cinema
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Depois de aceitar a proposta de Augusto de Cervantes, de fazer um
filme que agradasse aos padres, Mojica Marins criou a história de Meu
Destino em Tuas Mãos e procurou Ozualdo Candeias para fazer o roteiro -
que não foi creditado. As tragédias familiares são apresentadas pelo
cineasta com requintes de maldade, temperados por aquele neo-realismo involuntário das produções sem dinheiro. A direção de Mojica deixou o filme ainda mais cru e violento.
O filme conta o drama de cinco crianças pobres que vivem infelizes
com suas respectivas famílias. Cansados de abuso e desprezo, os amigos
fogem de casa e saem pelas estradas, acompanhados do violão e da
cantoria de Carlito (vivido por Franquito), o mais velho deles. O jovem
Franquito, o “garoto da voz de ouro”, foi uma aposta para embarcar no
estrondoso sucesso de Pablito Calvo, astro-mirim de Marcelino, pão e
vinho (1955). Mojica compôs três das dez canções interpretadas por
Franquito. Meu destino em tuas mãos foi realizado com o dinheiro da
venda dos long plays de Franquito, hoje uma raridade por ser um dos
primeiros filmes a ter disco com todas as músicas lançado pela gravadora opacabana. O filme, apesar de ter agradado os padres, não teve repercussão nenhum e acabou esquecido.
Algum tempo depois, o produtor Nelson Teixeira Mendes contratou Mojica para ser ator no O diabo de Vila Velha, um bang-bang.
Como condição, o Mojica pediu para poder levar o pai, que estava muito
doente, para o Paraná, onde o filme ia ser feito. Após muitas discussões
com o diretor Ody Fraga, este veio a se afastar e Mojica assumiu a
direção filme, aonde demonstrou afinidade com o gênero faroeste, que já
havia exercitado em A sina do aventureiro e ao qual voltaria em D’Gajão
mata para vingar. Assim foi o começo da carreira profissional de Jose Mojica Marins.
Por: Produtora Zé do Caixão
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