Anos 60
O Personagem: Zé do Caixão
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Foto: Zé do Caixão |
Mojica Marins criou um personagem popular sem basear-se em nenhum
mito do horror conhecido mundialmente. "Zé do Caixão", seu personagem
mais conhecido, foi criado por ele em 11 de outubro de 1963, após ser atormentado por um pesadelo no qual um vulto o arrastava até seu proprio tumulo.
Segundo o próprio José Mojica Marins, o nome Zé do Caixão veio de uma
lenda de um ser que viveu há milhões de anos no planeta terra que se
transformou em luz e depois de anos esta luz voltou a terra. A primeira
aparição do personagem foi no filme Á Meia-Noite Levarei Sua Alma (1963). Desde então, ele apareceu em diversos filme, ganhou popularidade e tem sido retratado em diversas outras mídias.
Embora raramente mencionada nos filmes, o nome verdadeiro Zé do
Caixão é Josefel Zanatas. Marins dá uma explicação para o nome em uma
entrevista para o Portal Brasileiro de Cinema:
" Eu fui achando um nome: Josefel – “fel” por ser amargo – e achei
também o Zanatas legal, porque de trás para frente dava Satanás".
— José Mojica Marins
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Portal Brasileiro de Cinema
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Zé do Caixão é um personagem amoral e niilista
que se considera superior aos outros e os exploras para atender seus
objetivos. Zé do Caixão é um descrente obsessivo, um personagem humano,
que não crê em Deus ou no diabo.
O cruel e sádico agente funerário Zé do Caixão é temido e odiado pelos
habitantes da cidade onde mora. O tema principal da saga do personagem é
sua obsessão pela continuidade do sangue: ele quer o pai da criança
superior a partir da "mulher perfeita". Sua ideia de uma mulher
"perfeita" não é exatamente físico, mas alguém que ele considera
intelectualmente superior à média, e nessa busca ele está disposto a
matar quem cruza seu caminho.
Quanto à concepção visual do Zé do Caixão, fica evidente a inspiração do personagem clássico Drácula (interpretado por Bela Lugosi na versão da década de 30, dos estúdios Universal).
Entretanto, Mojica acrescentou aos trajes negros e elegantes do
personagem características psicológicas profundas e enraizadas nas
tradições brasileiras. Além disso, as unhas grandes foram claramente
inspiradas no personagem-título de Nosferatu, Eine Symphonie des Grauens.
Mojica Marins afirma que a idéia do personagem surgiu em um sonho:
"Certa noite, ao chegar em casa bem cansado, fui jantar. Em
seguida, estava meio sonolento, entre dormindo e acordado, e foi aí que
tudo aconteceu: vi num sonho um vulto me arrastando para um cemitério.
Logo ele me deixou em frente a uma lápide, lá havia duas datas, a do meu
nascimento e a da minha morte. As pessoas em casa ficaram bastante
assustadas, chamaram até um pai-de-santo por achar que eu estava com o
diabo no corpo. Acordei aos berros, e naquele momento decidi que faria
um filme diferente de tudo que já havia realizado. Estava nascendo
naquele momento o personagem que se tornaria uma lenda: Zé do Caixão. O
personagem começava a tomar forma na minha mente e na minha vida. O
cemitério me deu o nome; completavam a indumentária do Zé a capa preta
da macumba e a cartola, que era o símbolo de uma marca de cigarros
clássicos. Ele seria um agente funerário."
— José Mojica Marins
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Portal Brasileiro de Cinema
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Futuramente, José Mojica Marins definiria melhor a origem de seu personagem:
"Josefel Zanatas nasceu em berço de ouro, seus pais tinham uma rede
de agências funerárias, fato que fez com que Josefel fosse uma criança
muito sozinha, pois seus colegas os discriminaram por causa da profissão
de seus pais.
Na escola era um ótimo aluno e, como não tinha amigos, fez dos livros
seus grandes companheiros. Foi na escola que conheceu Sara, uma menina
muito bonita e de boa família. Logo se tornaram grandes amigos, não se
separavam por nada. Cresceram juntos e com o passar do tempo a amizade
se transformou em amor. Decidiram que iriam se casar e mudar para uma
cidade maior onde teriam mais chances de crescer na vida. Sara queria se
casar fora do país, então tanto os pais de Sara quanto de Josefel
resolveram viajar antes para começarem os preparativos para cerimônia.
Durante o voo, uma tragédia acontece: o avião com os pais de Sara e
Josefel sofre um acidente e não há sobreviventes. Por causa do luto eles
decidem adiar o casamento. Em decorrência da II Guerra Mundial, em
agosto de 1943, cria-se a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Somente
vinte e oito mil pessoas se alistaram, Josefel era um deles e em
conversa com Sara decidem juntos que só casariam quando ele voltasse da
guerra.
E assim, na noite de 30 de junho, Josefel parte para a Itália.
Durante o tempo que ficou lá, Josefel sofreu muito, e as saudades de
Sara foram aumentando depois que ele parou de receber cartas dela.
Depois que Josefel partiu para a Guerra, Sara continuou cuidando da
funerária. Sempre escrevia para ele, mas depois de muitas cartas sem
resposta, acabou concluindo que ele deveria estar morto. Como a vida não
estava fácil, Sara aceitou o convite que havia recebido do prefeito e
se casou com ele.
No dia 18 de julho de 1945, Josefel desembarca na estação de sua
cidade e percebe que a cidade está vazia e sua casa fechada. Desesperado
para encontrar Sara, decide perguntar a um bêbado onde estavam todos. O
bêbado informa que a cidade inteira estava na casa do prefeito, pois
havia uma festa para comemorar a volta dos "Pracinhas". Chegando na
festa ele encontra Sara sentada no colo do prefeito e, antes que ela
pudesse se explicar, ele saca o revólver e mata os dois. Josefel não é
condenado pelo crime pois foi alegado que ele estava traumatizado pela
guerra. Para ele não importava ser preso ou não, ele havia perdido Sara e
com ela perderia também o sentimento chamado amor.
Josefel, que até então era um homem doce e bondoso, se torna uma pessoa
amarga e sem sentimentos. Passa então a aterrorizar os moradores da
cidade e logo recebe o apelido de Zé do Caixão. Zé do Caixão é um homem
sem crenças, não acredita em Deus nem no Diabo, só acredita nele mesmo,
acha que é o único que pode fazer justiça. Seu objetivo é encontrar uma
mulher que compartilhe seus pensamentos e juntos tenham um filho, que
possa dar continuidade à sua espécie, que ele acredita ser superior.
Para Zé do Caixão, as crianças são os únicos seres puros, sem maldade no
coração. Em busca pela mulher superior, ele passa por cima de todos
aqueles que atrapalharem seus planos, não tem dó nem piedade e mata se
for preciso. "
Por: Produtora Zé do Caixão
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